Sinto-me a morrer. Tenho o meu testamento feito. Nele lego os meus milhões ao Demónio; pertencem-lhe; ele que os reclame e que os reparta...
E a vós, homens, lego-vos apenas, sem comentários, estas palavras «Só sabe bem o pão que dia a dia ganham as nossas mãos: nunca mates o Mandarim!»
E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do norte ao sul e do oeste a leste, desde a Grande Muralha da Tartária até às ondas do Mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e irmão!
O Mandarim, Eça de Queiroz
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